Fogo. O fogo é uma reação química de rápido início, onde um material combustível é oxidado velozmente, liberando luz, calor e outros produtos da reação, como CO2 e H2O. É, em geral, uma reação evitada pelo ser humano; o fogo queima, destrói, calcina e transforma monumentos, construções, e até seres vivos em cinza.
No entanto, ele foi essencial para o progresso da humanidade. É considerado a maior conquista do ser humano na pré-história. Com o domínio do fogo, o homem aprendeu a cozinhar os alimentos, deixando-os mais comestíveis, macios e saborosos. Uma pesquisa da UFRJ e do Instituto Nacional de Neurociência Translacional publicada no periódico científico “Proceedings of the National Academy of Sciences” comparou o cérebro humano com o de primatas, sugerindo que a ingestão de alimentos cozidos – e os nutrientes retirados dos mesmos – promoveu o aumento da massa cefálica e dos neurônios do Homo erectus, ancestral do homem moderno.
O fogo também aqueceu o homem pré-histórico e o salvou de geadas letais; ao redor do fogo, as famílias ou núcleos humanos se reuniam – e ainda se reúnem, em algumas culturas – para contar histórias, realizar rituais, cantar e dançar (lembremos do são joão!).
Na intenção de usá-lo para o mal, o homem também soube aproveitá-lo. Na década de 60, durante a Guerra do Vietnã, os EUA bombardearam vastos territórios do país asiático com napalm, uma mistura de líquidos inflamáveis e gasolina gelificada de alto poder incendiário.
Como dito no início, o fogo destrói. Destrói porque as chamas em altas temperaturas desintegram o material de caráter inflamável, ou combustível, com o auxílio do comburente, fornecendo energia de ativação para a desagregação das moléculas ou polímeros constituintes deste material.
Diante desse contexto, um incêndio é a ocorrência de um fogo não controlado, com poder destrutivo e de alto risco para seres humanos e para a natureza. E o Brasil parece ter uma triste sina com o este tipo de fogo à luz da incompetência de seus governantes. Lembremos do Museu Nacional, que foi engolfado por chamas desvairadas na noite de 2 de setembro de 2018, e que reduziu a cinzas de fósseis como o de um pequeno crocodilo pré-histórico de 70 milhões de anos, a registros de culturas indígenas extintas no país e coleções inteiras de animais brasileiros e com eles, parte da ciência do país.
Agora, é a vez da Floresta Amazônica, que registra a pior série de queimadas e desmatamentos dos últimos 30 anos, de modo que muitas dessas perdas podem ser irreparáveis. O país literalmente está ardendo em chamas. A NASA publicou imagens que mostram fumaças de incêndios das florestas visíveis por satélites.
E o que há em comum entre o Museu Nacional e a Floresta Amazônica? O leitor esperto já deve ter sacado: ambos são patrimônios de valor incalculável pertencentes ao povo brasileiro e que foram fustigados por incêndios que dizimaram parte de seus corpos, do valioso e raro acervo do Museu, à mata nativa da Amazônia. Por pura negligência – é até razoável pensar em algo proposital – afinal, para um certo setor da elite financeira e política brasileira, a única riqueza que importa é o dinheiro. O capital. E para a cultura, para a ciência e para a natureza, eles relegam a pena capital.
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